Olhei-me ao espelho
Vi o indefinido deserto grotesco
de sofrimentos.
Ah!,espelho delirante
como uma cingana
vidente que mente ao ler a mão,a lágrima leu
nos olhos outroras distantes.
Corria como criança as ruas de minha
infância,com os balões vermelhos,azuis,amarelos
voando com o vento,vendo sorrisos dispersos
As pessoas que um dia apertarão minha mão,me abraçarão
que toquei sedento os lábios das poucas damas,
Destas mesmas num mentir que amei e beijei seus seios
em algumas noites onde volúvel ébrio entreguei-me
á tantas desilusões...
Passaram por mim,sem dizer-me adeus...
Não!,Não!
A lágrima vidente não mente
ela cai cintilante no chão e escurece
fazendo uma profunda evanescência das lembranças.
Indo embora da casca que apodrece.
As fronteiras do limite chega
para o homem de asas perdidas
costurando ainda os restos para continuar voando
E o limite?
Não há limite para poesia!
Meu céu,minha noite,minha tarde
minha musa,poesia,poesia,poesia
de tudo que respira e não respira
inspira linhas doentias ó febril lira,
vermelha a tinta,sangue violeta
do silêncio que se deita
na folha sombria o espelho.
Onde olhei-me e vi
estranho deserto grotesco
e uma flor que não sei da cor ou
miragem ou paisagem surrealista narcótica
somente sei do nascimento da flor,
há nascer no nada como vênus nas águas
Nasceu no olhar,como o alvorecer
Nasceu nos sentidos como a música balbuciando
o corpo.
Nasceu no braço,na perna
como o sempre mexer,caminhar avante
estrada lamacenta,como o ninho de amores
envolver braços,pernas,enlaçados igualmente concha
entonando canções murmurando como ondas do oceano.
cobrindo-me dos véus de bálsamos estranha flor resistindo
o deserto de dor e sofrimentos.
"Olhei,calei,chorei
No branco espelho
Onde confronto sempre com a caneta
afiada gritando palavras,são gritos do cárcere
na alma".
Luiz Carlos