30 outubro, 2011

Estella

O sol no decorrer do dia,
entra e não avisa no decorrer
do dia,a triste metarmofose da tarde
para á noite quente que arde.


Distante através das antenas de cano
através dos muros mal-feitos das casas
por pintar,nuas em tijolos.Solitária estrela
cintilante no horizonte,dançava defronte
ao olhar que lhe via delirante.


Os móveis mudam de cor,arrebol dourado
derramou nos móveis a cor da tarde,a noite
derrama a cor do luto as portas do armário
abertas,revelam o cheiro velho das estradas
pelas roupas usadas,lavadas,lavou o suor
das noites galopante em solidão.


Mudam os movimentos da cidade,vista do distante
as ruas asfalto torturante viram as curvas andante
carregando no peito dor.Tristeza sem a razão do
acontecimento,alimentada torna-se repentina.
Vieste dorida,entrar pelas portas do peito
sorrateira vieste.


Ah!,dor torpor ébrio das células esvaecendo mortas
no corpo,artérias choram a cada segundo,os póros entupidos
pela poeira urbana.E estes olhos em areia misturam com prantos.
Um grito,que não foi o meu nome,um riso que não foi o meu.
Um beijo relembrado que não dei,precuro o esqueiro bailarino
da chama sempre presente,obediente,operário do vício sempre
disposto,acende e beija o pulmão fumaça véu cinza á fazer-me
Pensar nas saudades tortas,estas portas que abro em tantos
momentos haurindo do vinho em grave escuridão.




Entra o dia,foi a noite
Voa os passos agora
torpes,tortos,das pessoas
intinerantes dos botecos voltam
Daqui nem sequer sai,imaginei andar
pelas curvas das esquinas,pelas curvas
utópicas de outro corpo.
Triste em minha tristeza,a estrela distante ainda dança
Alva a chamo Estella.


Luiz Carlos

29 outubro, 2011

Por mais que tento

                 Para Camila
Por mais que tento.
Um sorriso apenas.
Eles murcham,sem ao
menos ter dado a aurora
do nascer.Eles morrem sem
ao menos ter dado flores para
o sepulcro.



Eu,que ontem um sorriso dei
Eu,que um sorriso lhe dei.
Talvez torpe,ébrio pela cerveja
lhe dei um sorriso.

Passou o ontem,e levou meu sorriso
Passou a onda embriagada e matou meu
sorriso.Sou o guerreiro que na batalha perdeu
o coração.Sou a garrafa esquecida após lábios
ter sorvido do líquido,da mesa caiu e quebrou.

Por mais que vil por vezes fútil
Por vezes inútil,por tantas vezes
Lagrimoso.Por mais que seja....

Um sorriso tento construir,para lhe ver sorrir
Ah,mais aqui dentro sabe,quem chora sou eu.
Aqui dentro,neste lodo profundo,memórias em
estilhaços,sepulturas ao léu do destino.

Aqui dentro.
Dilacerado,dos teus abraços mergulhei
como uma criança,segura no colo da mãe.
Retornei como o cão vadio,só no andar
no marasmo do asfalto pisando nas lágrimas
dos errantes da madrugada.

Parada de Lucas passo,no ônibus cheio
sufocante,inerte nas paisagens lá fora tentam
me fazer sorrir,tentam me fazer amenizar a dor.

Por mais que tento,um sorriso
a máscara que uso para verte segura
Se quebra no quarto bagunçado,se quebra
após o cigarro da reflexão,se quebra!


Dos pedaços,feri.
E o coração medroso
sentiu,a tristeza de mergulhar
novamente em seus cálidos braços.
Mesmo assim,desta cruz onde serei
crucificado e um corvo virá bicar meus olhos
Naufragarei em teu coração,Sem que amanhã
arrebente em desencantados tinidos.
Mergulharei no teu corpo,e farei dele 
minha oração.Mesmo se para esquecer o calor
do abraço,o delírio balsâmico,mergulharei após
Nas garrafas do tinto,chorando lágrimas escarlates.
Em qualquer boteco sujo,estarei há pensar no ontem
quando tentei sorrir.
Para lhe verte sorrir.
E estes olhos úmidos virão,como me feri.

Luiz Carlos
29 de outubro,Parada de Lucas 2011

22 outubro, 2011

Umbral dos Apaixonados


Impassível face marmórea
Curvada em vigília sepulcral
Aguardava ansiosa o beijo não dado
neste umbral fora do tempo
Dor insiste e persiste: penitência
Cafalso do gozo e do prazer

Machado do impossível que desce vertical
pondo fim ao encontro de lábios
que nunca ocorreu
Sentença que vem pôr fim
ao mais perene amor
amor perene que nunca floresceu em vida.

Lábios que beijam a face marmórea
em desafio a sentença anunciada
o toque gélido nos lábios
a lembrança de lençóis cúmplices

Ah! Veneno que não mata
Faz sofrer e gritar e rasgar
sem nunca ter fim

Enquanto a taça da qual sorve toda sua amargura
Imóvel e gelada, não retribui o beijo dado

E o líquido que desce como chama draconiana
dando esperança de um fim quente
apenas traz mais dor e rasgar e molhar de lágrimas
amor, não faz mais esperar
Traga consigo a foice
Seja tu o ceifador, rasgue um fim
Ponha fim a essa febre de amor.

21 outubro, 2011

Ao nome mato


No Brasil, todo mundo se conhece.
Aquele professor que odeia o aluno,
aquele político que odeia o povo
E aqueles artistas que odeiam uns aos outros.

A educação pede desafogo,
A corrupção entra em jogo
E a arte?
Quem conhece sabe do que estou falando.

Somos um país fraco
que se diz forte.
Temos gente para mudá-lo
e reverter essa sorte.

No entanto, o QI evolui
por puro nepotismo.
Quem fica calado
não obtém amigos.

Duas coisas que odeio
fazem esse país andar.
A fofoca e a hipocrisia permeiam
o nosso dia a dia.


E eu, como não tenho nada a ver com isso,
continuo estrangeiro, sem ser reconhecido.
Mas o que busco, na verdade, é o reconhecimento desta ação.
ao nome mato, o sofrimento desta nação.

EVOÉ 

01 outubro, 2011

Tu


Tu,que andas desolado solitário 
nas ruas a tarde.
Tu,cujos as marcas do mártir 
saltam algoz da amarga fronte,
tão pesada,fardo,cruz á carregar
pelas ruas a tarde.

Tu,que choras nos bancos de praça
nos fundos do bar,no ônibus de regresso.
No pensar,como fara para alimentar seus 
filhos,sua mulher doente na cama,sem forças
para sorrir,para andar.
para lhe amar.

Tu,a cada dia trabalha.
Se esforça ao máximo,para
que no fim do mês,lhe dão
o mais miserável salário.

Tu,guerreiro valente,o sol
da tarde,espanca,açoita.
Tu,que passas pela ponte
de Niterói,jaz pensou em
torna-se mar,no desespero
labirinto escuro,úmido.

Tu,apesar dos sofrimentos
da dor sem controle,andas
ama seus filhos,cuida de sua mulher
trabalha,contempla as saudades
nas fotos juviais.

Tu,que andas pela tarde,pesado
triste,passa pela tarde,e vai
distante,absorto em si
"Tudo é mártir e lágrimas",
guerreiros somos,a vida é batalha
nossa amardura é o coração.

Tu,humano.
Tu,que vejo passar.


Luiz Carlos