25 outubro, 2013

IAN CURTIS





Reverberou a dor
Num grito corporal
 
Fez da voz um precipício
Calada na consequência de um ato

Carlos Orfeu
 

07 setembro, 2013

Ducentésima Confissão




Eu sei que sou difícil
Sou coerente com meus defeitos
Pra que você me conheça melhor
E não tenha surpresas
Ou perca logo as esperanças

Eu sou difícil
Saem de mim poemas do diálogo com a Esfinge
Procuro as frestas nas suas certezas
Na ciência pura sem divindade
Na espiritualidade
No que nos faz perder o sono
No que nos torna humanos
Nos mistérios, sorrisos e agonia
Na falha dos sentidos
Nos grandes afetos
É daí que vem minha poesia
É onde vejo poesia
Outra coisa me faz bocejar

Não quero que ninguém aplauda
Não quero que ninguém concorde
Se quiser repetir, repita
Mas reflita
Não vim impor estética
Mas identidade
Pouco me importam os gostos
Se você gosta ou não, problema seu
Estômagos não lidam com a verdade

A exemplo dos grandes pensadores
Ofereço alegria e minhas dores
Monto palavras num buquê de flores
E os lanço na garrafa ao mar de gente
O estar no mundo é frágil e tenso
Até o que parece alegre é denso
Quero destilar um vinho inebriante
Que o papel vire portal e não espelho
Quero que você, meu leitor, sinta comigo
tenha a mesma sensação do que é estar vivo
E nos perdoe em curiosa compaixão.

02 agosto, 2013

DICOTOMIA



 

Uma parte distante outra finda
Uma clara outra escura
Uma é equilíbrio outra desequilíbrio
No mesmo espaço atemporal
Irracional

Há tempos queimei minhas asas
Para aprender a voar com os pés

Catando nas estradas
Desimpedidas de mim

Partes quebradas
Memórias divididas


Tudo que foi dito
Mofa!

Busco o árduo inaudito perdido no indizível

Dividindo-me
Dispersando-me

Vencendo o pior dos inimigos

Eu

Carlos Orfeu

01 maio, 2013

A roda gigante,Cinza-escarlate e o desfreio pra Sinestesia

Devia ser criança, e talvez bem antes de saber o nome provisorio das cores,as sentia Talvez por que saber o nome das cores fosse como adquirir Confiança,um processo provisorio e intenso a cada passo As situações da vida se mostravam como uma Roda gigante ,Girando devagar e tantas coisas ao mesmo tempo ,que eu sequer poderia ousar parar um segundo qualquer um daquelas voltas e ´´revoltas´´ num simples esticar da vontade por meio da voz ou do braço Numa dessas insistencias inconscientes, Ilusoes pueris Carregava varios papeis nas mãos e Olhava para a Roda Gigante, Distrai-me,exauri-me ,tropecei,cai ,me arranhei ,Sangrei Dai entao Tudo que estava ao meu colo se espalhou e foi-se misturando a tinta vermelha que saia de mim ou se espalhava por vontade propria Esperança,Amor,decepção,a vontade de desacelerar, a consciencia da dor, Raiva e as viradas na esquina A sensação de partir-se ao meio e ter perdido um pedaço em cada desencontro O tempo foi passando e em cada vez que a Roda gigante se apresentava Tudo do lado de fora quedava-se tao intensamente Vermelho, e a unica variação que se apresenta eram as idas e vindas entre o negro e o cinza que cravavam suas unhas dolorosamente tentando turvar a consciencia Os caminhos vão se cruzando e a noção de que Não se contem nem o ar que se respira,produz frustração inquietante Um sono que não mergulha em nada , Fibras que esticam a cada dia mais finas, Uma experiencia que nao renova,se desgasta ,apenas com a riqueza de saber que o desespero não é um bom Guia, Nos momentos de intervalo,a Imaginação é uma das poucas que acompanhada de fé,faz Tudo refletir as Cores em seu ritmo certo, Num céu azul e claro,Todos os papeis espalhados no chão desde a infancia ,se organizam e alçam Voo nos céus como uma imensa revoada de Pipas vermelhas E a mais bonita de todas,desenha espirais no céu com as Palavras Proteção,Consonância e Liberdade! Melian Cordéus.

12 abril, 2013

Eu te amo






“Eu te amo...” dizem as crianças
Assim que aprendem a falar
Murmuram os amantes ao pé do ouvido
Minutos antes de gozar
E eu que já me peguei repetindo
Feito papagaio de pirata
Essa frasezinha medíocre e mentirosa
Sem ao menos parar pra pensar o que ela significava

Quem diz muito “eu te amo”
Não ama nem a si mesmo
Não consegue amar nada!
Não conheço ninguém capaz
De sair distribuindo esse amor de forma gratuita por aí

E não me venham com lenga lengas!
Não estou interessada em ouvir
Amor não é algo palpável
Não se pode simplesmente cuspir “eu te amo”
Para tudo aquilo que deseja possuir

“Eu te amo”, foi o que disseram pra mim
Depois de um beijo tonteante e um olhar fixo
Acreditei e sorri...
Nem precisa dizer o que aconteceu depois
Essa porra de “eu te amo” confunde quem fala
Quem ouve e quem espera a cena se concluir

“Eu te amo”
Grita o cara desesperado no meio da rua
De frente a janela da amada
Que acabara de trair
“eu te amo” virou palavra mágica
É quase um advérbio de intensidade
E está se usando mais que muitos palavrões ai

Quando ouço essa palhaçada
Mudo até o meu olhar
Esbravejo feito um ogro
Odeio ainda mais a cara de otário
De quem insiste em me fazer acreditar

"Eu te amo"
Diz o amigo há anos
Expressão que foge a boca
Quando em algum momento difícil
O precisamos...

Eu não preciso ouvir essa historinha
Amor não se diz
Se sente ou faz sentir

Então se ama alguém de verdade...
Ame calado!
E faça o que for preciso
Pra fazer sentir esse amor
Quem quer que seja
Que estiver ao seu lado.

06 abril, 2013

Fuga de Absolon

Voce tem fome de QUE? Se os pobres Sentem fome, Que comam brioches,vitrines ou se atirem de um penhasco banhando-se na refrescante Geléia de menta da ignorância!!!! Dilema voraz que nos inquire em cada dia Se os arautos da opressão são vocacionados desde o útero ou se tem prazer distinto em serem moldados pelo Sistema vigente? Gente tão nova que esvai por baixo preço tão cedo............ Negociando a dignidade do proximo Gente tão velha que parece ter desistido da Dignidade antes de nascer.............. Os arautos da opressão proclamam: Vinde a mim vós que quereis : alimento,saúde,educação e justiça ,eu vos triturarei com gosto..... E quem não estiver satisfeito que engrosse as vistas com o Glaucoma da hipocrisia e aprendam de cor a soletrar o Dia B na ordem das horas: B de boçal, B de bestial, B de bulinação, B de banalidades, B de bbb. Melian Cordéus/Eczuvia Hannar

15 fevereiro, 2013

A ARANHA

 
 
 
A aranha mudou
 
De cadeia alimentar

Tece agora

a

sua teia.


O meu

tempo


O meu

silêncio


A minha

Tristeza


Eu

Sua

Presa


Carlos Orfeu

E Wanda Monteiro