07 setembro, 2013

Ducentésima Confissão




Eu sei que sou difícil
Sou coerente com meus defeitos
Pra que você me conheça melhor
E não tenha surpresas
Ou perca logo as esperanças

Eu sou difícil
Saem de mim poemas do diálogo com a Esfinge
Procuro as frestas nas suas certezas
Na ciência pura sem divindade
Na espiritualidade
No que nos faz perder o sono
No que nos torna humanos
Nos mistérios, sorrisos e agonia
Na falha dos sentidos
Nos grandes afetos
É daí que vem minha poesia
É onde vejo poesia
Outra coisa me faz bocejar

Não quero que ninguém aplauda
Não quero que ninguém concorde
Se quiser repetir, repita
Mas reflita
Não vim impor estética
Mas identidade
Pouco me importam os gostos
Se você gosta ou não, problema seu
Estômagos não lidam com a verdade

A exemplo dos grandes pensadores
Ofereço alegria e minhas dores
Monto palavras num buquê de flores
E os lanço na garrafa ao mar de gente
O estar no mundo é frágil e tenso
Até o que parece alegre é denso
Quero destilar um vinho inebriante
Que o papel vire portal e não espelho
Quero que você, meu leitor, sinta comigo
tenha a mesma sensação do que é estar vivo
E nos perdoe em curiosa compaixão.

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