Antes desta noite se acabar,
Quero te ver nua.
Não me importam as cicatrizes,
As imperfeições que o tempo
Esculpiu tão perfeitamente;
Nem as impressões digitais
De outros patifes como eu,
Antes desta noite se acabar
- seja em briga, em álcool ou em gozo –
Eu quero te ver nua.
Não apague a luz,
Permita que meus olhos procurem em ti
Alguma marca ou sinal
Que ouse refrear minha sede.
Quero passar minha língua grossa,
Áspera de sede e uso,
Em sua pele densa, em sua carne,
Mesmo que não mais fresca e tesa,
Mas ainda tenra, suculenta e minha.
Faça o que quiser, mas não apague a luz.
Deixe que eu te ame
Com a saudade de um viajante,
Ou com a surpresa de um menino.
Faça-se convidativa e quente,
Tal edredons macios, toalhas usadas,
- pois toalhas novas nunca secam direito,
E edredons novos não esquentam.
Deixe que eu te ame,
E eu entrarei em ti como um romeiro
Que retorna à Meca em muitos anos.
Quero te ver nua
Antes desta noite se acabar,
No luz artificial de um motel barato,
Deixe-se ser amada por mim.
Não me interessa se você se acha feia,
Você ainda é a mesma menina
Que um dia chamou meus braços de “casa”,
E sussurrou em meu ouvido
Convites obscenos e sagrados como relíquias,
Postais de um inferno próximo e redentor.
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