11 dezembro, 2012

O CASO SUSPEITOSO



                      As más línguas da cidade falam que Elza se achava de namoro com o dono da farmácia. A moça, então, esquia e faceira no esplendor da idade, ia ganhando novas medidas no passar dos meses. Já prevendo um rebuliço do cão, o moço - matreiro que nem cobra - tratou logo de arrumar remédio milagrento pra fazer abaixar ventre crescido. Dias após ingerir o elixir amargo, Elza foi minguando, minguando até que, exaurida de forças e de animo, fechou os olhos esbranquiçados sem esboçar a menor intenção de abri-los de novo. Algumas pessoas que estiveram onde se pranteia de preto e se fala na ponta dos gestos, dizem que ele não derramou nenhuma lágrima quando a moça partiu toda enfeitada de flores.

Fabiano Silmes

2 comentários:

Henrique Santos Pakkatto disse...

síntese perfeita, forte. Parabéns!

Fábio disse...

Du caralho, Fabiano. Me lembra as croniquetas do Voltaire de Souza, fo finado Notícias Populares. Como já te falei sou fão de textos tiro curto. Siga, irmão! Abração.