Você respira por aparelhos
Se diverte por subterfúgios artificiais
Você come porcarias, ama superficiais
Desejando sobejar coisas saudáveis
Sua saúde é monitorada por aparelhos
Seus aparelhos são artificiais, parentes também
As cores sondam o espaço a procura de som
Enquanto você grita sozinha
Em um banheiro de um motel sujo
Querendo alguém
Que não lhe coma
Que não lhe lamba
Mas que apenas seja
O seu apoio particular para dormir
Você sonha com isso, liga para os teleshops
Vai a mercados, tenta comprar gado
Mas ainda sim...Fazia, da coisa função nunca mais...
Você respira por aparelhos
Aparelhos que são caros
Jogou seu pulmão no lixo do térreo
Aparelhos são mais legais. Morfina
Não dá tempo, você se pergunta
Mas a voz não sai pra perguntar
Você é sua voz, a sua mente é um teleponto
Que você leu, leu, leu,leu e leu para todos
Mas todos esqueceram que você não vive sem seus aparelhos
Você não é mais um programa matinal de alguém
Você é alguém, sem ninguém, sem alguém que também não tem ninguém
E ainda, cortaram sua televisão
Cortaram seus pulsos
Dividiram seu apartamento
Correram do emprego. Furaram seus bolsos
Pularam de um cercado chamado discernimento
Jogando-a oitenta metros da marca, mesma marca
Que outro se jogou, de mais alto, de um lugar mais alto
Você respira por aparelhos
Décimo terceiro andar, você, pros outros Ela
Mas é seu pé, no cimento frio, sim é seu
Com frio, sem coragem pra entrar ou pra sair
Com medo de voar e de subir ou descer depois
Com vergonha de ficar ai, sem ter o que dizer ao porteiro
Mas agora, não terá mais o que dizer
O porteiro lhe viu. Acompanhou sua mandíbula voar
Essa era você, esse era o seu apartamento
Bom, dia... Assustou ao escutar, porque não queria ouvir mais nada
Bom dia
Repetida e metálica voz
Bom dia
Tetraplegia
Você respira por aparelhos.
Um comentário:
Porrada!
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