20 agosto, 2010

A Áspide e o Anjo do Martírio (Ou Reverberações Insanas)


Reverberações insanas ecoam
do frágil e cocho pensamento.
O filho desgarrado caminha
e santifica suas maldições,
pactua com a áspide
e não terá o calcanhar picado.
O sonho submerge no leito
em desejos nunca revelados.
É como a aurora de um dia
nublado, e tão natural
como a danação de minha alma
em chamas, tão natural
como o sorriso inconformado
de uma criança e a rama seca
do deserto do meu espírito.
Cantos de celebração vagueiam
em algum espaço vazio
dentro de uma caixa.
As vozes chamam e convidam
para o banquetes dos mendigos.
A áspide serpenteia e deixa
o seu veneno numa taça cristalina
e sorri suas presas para o
anjo triste do martírio.
As reverberações, a insanidade,
chegam ao ápice e o peso
do corpo cede contra o chão imundo
(onde cospem os caminhantes do destino)
e abraça a terra com suas
memórias e cantigas sombrias.
É natural que o veneno daquela taça
corra em minhas veias cortando
a realidade que se desfaz
diante de meus olhos marejados.

É natural, é tão natural...

São Gonçalo, 18 de agosto de 2010

Um comentário:

Bardo disse...

Excelente, meu caro. Orgulho-me em lutar ao seu lado, fileiras cerradas pois o inimigo é cruel.

Evoé!