(para uma família de indigentes em Niterói)
Selaram a mentira com um beijo;
crucificaram o amor no medo.
E os sonhos?
Perderam-se no caminho.
O dia escureceu,
a noite perdeu a esperança.
As águas se esconderam na Guanabara.
Pelas ruas o sangue negro chora...
Vozes famintas cantam preces
na lembrança dos antepassados.
A Avenida Amaral Peixoto
bebe sua bebida amarga,
ardente...
Entorpece a dor que ri lasciva,
latente.
A indiferença enfeita a Avenida.
A vida lamenta, finge...
encena sombras esquecidas
na cruz negra erguida sob a escuridão do dia.
2 comentários:
Profundo,palavras umedeceram minhas pálpebras dementes.
Muito bom o poema. Gostei bastante das imagens que ele evoca. E os primeiros versos tocam demais. Meus parabéns.
abraço
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