24 abril, 2010

Metempsycose

Metempsycose


I

Vejo o mundo e o ponho em minha cela



Vim a este mundo com um propósito, esquecido

Do ser que outrora fui. Mas este outro eu veio comigo

E diz-me, invisível, o que fazer ao meu ouvido,

Enquanto vago obtuso no mundo ao redor do umbigo.



Quem sou se fui um outro que não sei? Estou perdido

Em meio às palavras do mundo vasto e conhecido ¾

Que verbo deu sentido ao que atesto realidade? ¾

E a busca de um sentido faz do mundo fatalidade.



O que percebo faz sentido e dou a tudo

Os grilhões que me atrelam a esse mundo

Ao invés de dar, às cousas, liberdade.



Na minha eterna busca por verdade

Há, com certeza, um propósito mais fundo

Onde até o ser que fui queda-se mudo



II

Há muitos caminhos na estrada e os percebo



E, como se fôra um viajante em caminhada,

Que há muito tempo trilha o seu caminho,

Eu questiono a existência anterior à estrada

Memória e consciência deixam-me sozinho



Quem sou? Pra onde vou? É esse o meu destino?

Nasci num mundo pronto. Sou homem. Fui menino.

Tenho nome, sinto fome. Penso, logo desisto.

Lanço meu olhar sobre tudo o que já foi visto



E me sinto forçado a andar pela vida.

Que longa estrada é essa a qual encaro

Sem origem ou destino, sem saída ou entrada?



“Não à razão na caminhada”, eu me preparo

Para trilhar na direção desconhecida

Onde memória e consciência valem nada.

2 comentários:

Poemista disse...

"Lanço meu olhar sobre tudo o que já foi visto"

catarse da missão poeta.

Henrique Santos Pakkatto disse...

eu me preparo para trilhar na direção desconhecida